Hepatotoxicidade

Hepatotoxicidade

Definição

A hepatotoxicidade refere-se aos danos causados ao fígado por substâncias químicas, incluindo certos EAA, particularmente os EAA Orais com modificação 17-alfa-alquilada, resultando em alterações estruturais e funcionais que podem variar desde elevações assintomáticas de enzimas até condições potencialmente fatais.

Mecanismos de Lesão

Toxicidade Direta

  • Dano direto aos hepatócitos
  • Estresse oxidativo aumentado
  • Peroxidação lipídica
  • Depleção de glutationa
  • Disfunção mitocondrial

Colestase

  • Inibição do fluxo biliar
  • Alteração dos transportadores biliares
  • Acúmulo de ácidos biliares
  • Disfunção canalicular
  • Icterícia resultante

Esteatose Hepática

  • Acúmulo de triglicerídeos nos hepatócitos
  • Alteração do metabolismo lipídico
  • Resistência insulínica hepática
  • Comprometimento da β-oxidação
  • Progressão para esteatohepatite

Fatores de Risco

Relacionados aos EAA

  • Estrutura 17-alfa-alquilada
  • Dosagem utilizada
  • Duração do ciclo
  • Combinação de múltiplos compostos hepatotóxicos
  • Potência intrínseca do composto

Individuais

  • Função hepática basal
  • Predisposição genética
  • Idade (maior sensibilidade em mais velhos)
  • Consumo concomitante de álcool
  • Uso de outros medicamentos hepatotóxicos

Compostos e Hepatotoxicidade

Alta Hepatotoxicidade

Moderada Hepatotoxicidade

Baixa Hepatotoxicidade

Manifestações Clínicas

Alterações Laboratoriais

  • Elevação de transaminases (ALT/AST)
  • Aumento de GGT e fosfatase alcalina
  • Alterações na bilirrubina
  • Alteração no tempo de protrombina
  • Alteração nas proteínas séricas

Sintomas Iniciais

  • Geralmente assintomático
  • Fadiga leve
  • Desconforto no quadrante superior direito
  • Intolerância a gorduras
  • Urina escurecida

Sinais Avançados

  • Icterícia (pele/esclerótica amareladas)
  • Prurido generalizado
  • Fezes claras
  • Hepatomegalia dolorosa
  • Sinais de insuficiência hepática

Condições Específicas

Peliose Hepática

  • Formação de cistos sanguíneos no fígado
  • Associada a uso prolongado de EAA
  • Potencialmente fatal se houver ruptura
  • Reversível com descontinuação
  • Diagnóstico por imagem

Adenoma Hepático

  • Tumor benigno do fígado
  • Risco de transformação maligna
  • Risco de hemorragia
  • Associado a uso prolongado de EAA
  • Regressão possível após descontinuação

Colestase Intrahepática

  • Obstrução do fluxo biliar dentro do fígado
  • Icterícia pronunciada
  • Prurido intenso
  • Elevação de bilirrubina e fosfatase alcalina
  • Recuperação lenta após descontinuação

Diagnóstico

Exames Laboratoriais

  • Função Hepática
  • ALT/TGP e AST/TGO (transaminases)
  • GGT (gama-glutamil transferase)
  • Fosfatase alcalina
  • Bilirrubina total e frações
  • Albumina e tempo de protrombina

Exames de Imagem

  • Ultrassonografia abdominal
  • Tomografia computadorizada
  • Ressonância magnética
  • Elastografia hepática
  • Angiografia (casos específicos)

Avaliação Complementar

  • Sorologias virais (hepatites)
  • Marcadores autoimunes
  • Avaliação de doenças metabólicas
  • Biópsia hepática (casos selecionados)
  • Exclusão de outras causas

Monitoramento

Frequência Recomendada

  • Baseline pré-ciclo
  • 2-4 semanas após início
  • A cada 4 semanas durante uso
  • Imediatamente se sintomas
  • 4-6 semanas após término

Valores de Alerta

  • Transaminases >3x limite superior
  • Bilirrubina elevada
  • Fosfatase alcalina >2x limite superior
  • Alteração em albumina/protrombina
  • Sintomas clínicos presentes

Prevenção

Estratégias Farmacológicas

  • Protetores Hepáticos
  • TUDCA/UDCA (250-1000mg/dia)
  • NAC (600-1200mg/dia)
  • Silimarina/Cardo mariano (150-300mg, 3x/dia)
  • Descanso adequado entre ciclos

Estratégias Práticas

  • Limitação da duração (4-6 semanas para orais)
  • Dosagens moderadas
  • Evitar combinação de múltiplos orais
  • Abstinência alcoólica completa
  • Evitar medicamentos hepatotóxicos

Tratamento

Descontinuação

  • Suspensão imediata dos compostos hepatotóxicos
  • Avaliação da gravidade
  • Monitoramento da recuperação
  • Tempo de normalização variável
  • Consideração de hospitalização em casos graves

Suporte Terapêutico

  • Hidratação adequada
  • TUDCA/UDCA em doses terapêuticas
  • NAC em casos de toxicidade aguda
  • Manejo de complicações específicas
  • Acompanhamento médico

Casos Graves

  • Hospitalização
  • Monitoramento intensivo
  • Terapia de suporte hepático
  • Manejo de complicações
  • Consideração de transplante em casos extremos

Recuperação

Fatores Prognósticos

  • Gravidade da lesão
  • Tempo de exposição
  • Função hepática basal
  • Comorbidades
  • Idade e estado geral

Tempo de Normalização

  • Elevações leves: 2-4 semanas
  • Elevações moderadas: 4-12 semanas
  • Lesões graves: meses a permanente
  • Variação individual significativa
  • Monitoramento sequencial

Considerações Especiais

Uso Concomitante de Álcool

  • Sinergismo hepatotóxico
  • Abstinência completa recomendada
  • Risco de lesão grave aumentado
  • Recuperação comprometida
  • Monitoramento mais frequente

Uso Prévio de EAA

  • Possível sensibilização hepática
  • Lesão subclínica cumulativa
  • Recuperação potencialmente mais lenta
  • Necessidade de períodos off mais longos
  • Monitoramento mais rigoroso

Implicações a Longo Prazo

Uso Crônico

  • Fibrose hepática progressiva
  • Risco de cirrose
  • Transformação neoplásica
  • Hipertensão portal
  • Comprometimento funcional permanente

Monitoramento Prolongado

  • Avaliação periódica mesmo após cessação
  • Elastografia para detecção de fibrose
  • Screening para carcinoma hepatocelular
  • Avaliação de complicações sistêmicas
  • Manejo de sequelas

Populações de Risco

Usuários de Múltiplos Orais

  • Risco sinérgico aumentado
  • Necessidade de monitoramento intensivo
  • Limitação estrita de duração
  • Proteção hepática obrigatória
  • Consideração de alternativas

Indivíduos com Doença Hepática Prévia

  • Contraindicação relativa ou absoluta
  • Avaliação risco/benefício rigorosa
  • Monitoramento especializado
  • Doses minimizadas se uso necessário
  • Proteção hepática intensificada

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