Carta Aberta
Carta Aberta
William Bonner, Luciano Huck, Dráuzio Varella, Marcos Mion, Sandra Annenberg e Ana Maria Braga. Além de famosos, todos têm em comum o fato de terem suas imagens usadas em anúncios falsos criados por criminosos com inteligência artificial.
Os golpistas usavam a tecnologia para lucrar com anúncios falsos que funcionaram como armadilhas para enganar pessoas nas redes sociais. É uma fraude em cima da outra: uso indevido da imagem, produto falso, golpe financeiro e tudo veiculado na internet.
Uma vítima recorrente de grupos criminosos é o apresentador do Jornal Nacional William Bonner. Os fraudadores se apossam da credibilidade que as pessoas escolhidas têm e se aproveitam disso.
"Como jornalista eu não posso fazer propaganda. Então são dois riscos enormes. Um é propaganda de produtos: não posso fazer. O outro é propaganda política: porque se usam a inteligência artificial para simular a venda de um produto qualquer, também usam para a venda de um político qualquer. Das duas formas é um crime e das duas formas eu estou sendo lesado", diz Bonner.
Bancos também são alvo dos golpes. Contra o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o golpe teve outro detalhe: além de usar o nome do BNDES para fraude, os criminosos mandaram a conta do anúncio para o banco. Quando alguém cai no golpe, o banco perde credibilidade.
"A pessoa se revolta, inclusive contra o próprio banco. Porque acha que o banco eventualmente poderia ter evitado essa fraude. E nós não temos como evitá-la. Nós pedimos às plataformas digitais que nos informassem os nomes das pessoas para que a gente possa processá-las. E, infelizmente, não obtivemos ainda essa informação, mas nós vamos buscar reparação judicial", diz o diretor de Compliance e Riscos do Banco, Luiz Navarro.
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto, sugere que nesse caso sejam aplicados os princípios gerais do direito.
"Que princípios são esses? São coisas assim: Não se pode tirar partido da própria torpeza. Quem tem o bônus, deve ter o ônus. Então, se nós aplicarmos os princípios gerais de direito a esse caso, vamos concluir que nenhuma empresa, nenhuma Big Tech, por exemplo, nenhum aplicativo pode tirar partido de comunicações inverídicas, falsas, sem a corresponsabilidade. Elas se corresponsabilizam por isso. Porque quem tem o bônus, que elas ganham com isso, tem que ter o ônus", defende.
O Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária, o Conar, formado por veículos de comunicação, agências de publicidade e anunciantes, tem um código de ética.
Os veículos têm um sistema de controle na recepção dos anúncios e recusam, bloqueiam e rejeitam os claramente irregulares. Denúncias do público ou de partes que se sintam prejudicadas precisam ser imediatamente avaliadas.
O Conar diz que está negociando com as redes sociais, mas que elas ainda não aderiram à autorregulação.
Disponível em: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2023/. Acesso em: 11 jan. 2024. (Fragmento).
Redija uma carta aberta, a ser publicada em um jornal de grande circulação, endereçada aos altos executivos das principais empresas de redes sociais operando no Brasil, motivando-os a colaborar na implementação de medidas contra fraudes publicitárias on-line. Na carta, analise as repercussões da propagação de anúncios falsos em suas plataformas, considerando os possíveis impactos dessas ações na sociedade brasileira.