Inibição do Eixo HHG

Definição

A inibição do Eixo Hipotalâmico-Hipofisário-Gonadal (HHG) refere-se à supressão do sistema de produção hormonal endógeno que ocorre quando hormônios exógenos, como os EAA, são administrados, resultando na diminuição ou cessação da produção natural de testosterona e espermatogênese.

Fisiologia do Eixo HHG

Componentes

  • Hipotálamo: Secreta GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas)
  • Hipófise: Secreta LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante)
  • Gônadas: Testículos (homens) ou ovários (mulheres)
  • Hormônios: Testosterona, estradiol, inibina, ativina

Funcionamento Normal

  • GnRH liberado de forma pulsátil pelo hipotálamo
  • LH e FSH secretados pela hipófise anterior
  • LH estimula células de Leydig (produção de testosterona)
  • FSH estimula células de Sertoli (espermatogênese)
  • Feedback Hormonal negativo regula o sistema

Mecanismo de Inibição

Feedback Negativo

  • Andrógenos exógenos elevam níveis circulantes
  • Detecção pelos receptores hipotalâmicos
  • Supressão da liberação de GnRH
  • Redução consequente de LH e FSH
  • Atrofia testicular por falta de estímulo

Vias Moleculares

  • Ativação de receptores androgênicos no hipotálamo
  • Modulação da expressão de Kiss1/kisspeptina
  • Alteração na frequência de pulsos de GnRH
  • Dessensibilização de receptores de GnRH na hipófise
  • Regulação epigenética de genes-chave

Fatores que Influenciam a Inibição

Relacionados aos EAA

  • Tipo de composto (estrutura molecular)
  • Dose administrada
  • Duração do ciclo
  • Frequência de administração
  • Aromatização para estrogênio

Individuais

  • Idade do usuário
  • Sensibilidade do eixo
  • Histórico de uso de EAA
  • Predisposição genética
  • Estado geral de saúde

Graus de Supressão

Leve

  • Redução parcial de testosterona endógena
  • LH e FSH diminuídos mas detectáveis
  • Função testicular reduzida mas presente
  • Recuperação rápida após cessação
  • Comum em ciclos curtos/doses baixas

Moderada

  • Testosterona endógena significativamente reduzida
  • LH e FSH muito baixos
  • Função testicular comprometida
  • Recuperação em 1-4 meses
  • Típica de ciclos moderados

Severa

  • Testosterona endógena praticamente indetectável
  • LH e FSH quase indetectáveis
  • Atrofia testicular pronunciada
  • Recuperação lenta (4+ meses) ou incompleta
  • Associada a ciclos longos/doses altas

Compostos e Grau de Supressão

Alta Supressão

Supressão Moderada

Supressão Leve (ainda significativa)

Consequências da Inibição

Curto Prazo

  • Redução da libido
  • Disfunção erétil
  • Fadiga e letargia
  • Alterações de humor
  • Redução do volume testicular

Longo Prazo

  • Hipogonadismo secundário
  • Infertilidade temporária ou permanente
  • Atrofia testicular persistente
  • Dependência de TRT
  • Alterações psicológicas

Recuperação do Eixo

Fatores que Influenciam

  • Duração da supressão
  • Intensidade da supressão
  • Idade do usuário
  • Predisposição genética
  • Protocolo de recuperação

Sinais de Recuperação

  • Aumento nos níveis de LH e FSH
  • Elevação gradual da testosterona endógena
  • Retorno do volume testicular
  • Normalização da libido
  • Melhora do bem-estar geral

PCT (Terapia Pós-Ciclo)

Objetivos

  • Restaurar a produção endógena de testosterona
  • Minimizar a perda de ganhos
  • Prevenir efeitos colaterais do hipogonadismo
  • Restabelecer equilíbrio hormonal
  • Preservar saúde reprodutiva

Componentes Comuns

  • SERMs: Tamoxifeno, Clomifeno
  • HCG (Gonadotrofina Coriônica Humana)
  • Inibidores de aromatase (uso seletivo)
  • Suporte hepático e lipídico
  • Suplementação nutricional

Monitoramento

Exames Recomendados

  • Exames Laboratoriais
  • Testosterona total e livre
  • LH e FSH
  • Estradiol
  • Espermograma (se fertilidade for preocupação)
  • Perfil lipídico e hepático

Timing dos Exames

  • Antes de iniciar ciclo (baseline)
  • Durante o ciclo (ajustes)
  • Início da PCT
  • Meio da PCT
  • 1-3 meses após PCT

Estratégias de Minimização

Durante Ciclos

  • Uso de HCG (250-500UI, 2-3x/semana)
  • Ciclos mais curtos (8-12 semanas)
  • Doses efetivas mínimas
  • Períodos adequados entre ciclos
  • Monitoramento regular

Pós-Ciclo

  • PCT - Terapia Pós-Ciclo adequada e completa
  • Tempo suficiente entre ciclos (tempo on = tempo off)
  • Suporte nutricional e suplementar
  • Manejo do estresse
  • Otimização do sono

Hipogonadismo Induzido por EAA

Características

  • Níveis persistentemente baixos de testosterona
  • Sintomas de deficiência androgênica
  • Falha na recuperação após PCT
  • Atrofia testicular persistente
  • Necessidade de Terapia de Reposição

Fatores de Risco

  • Uso prolongado de EAA (anos)
  • Doses suprafisiológicas elevadas
  • Ausência de períodos off adequados
  • Múltiplos ciclos sem recuperação completa
  • Predisposição genética

Fertilidade e Eixo HHG

Impacto na Fertilidade

  • Redução da contagem espermática
  • Alteração na motilidade e morfologia
  • Oligospermia ou azoospermia
  • Reversibilidade variável
  • Tempo de recuperação imprevisível

Preservação da Fertilidade

  • Criopreservação de esperma antes do uso
  • Protocolos específicos com HCG/FSH
  • Monitoramento regular da qualidade seminal
  • Consulta com especialista em fertilidade
  • Consideração de riscos a longo prazo

Considerações Clínicas

Diagnóstico

  • Histórico detalhado de uso de EAA
  • Avaliação de sintomas de hipogonadismo
  • Exames hormonais completos
  • Avaliação de comorbidades
  • Exame físico (volume testicular)

Tratamento

  • Individualizado conforme severidade
  • Terapia de Reposição quando necessário
  • Terapia com gonadotrofinas
  • Manejo de complicações
  • Acompanhamento a longo prazo

© 2025 All rights reservedBuilt with Flowershow Cloud

Built with LogoFlowershow Cloud