Turinabol
Turinabol
Definição
O Turinabol (4-clorodehydrometiltestosterona, CDMT) é um EAA oral sintético derivado da combinação química da Metandrostenolona (Dianabol) com Clostebol, caracterizado pela adição de um átomo de cloro na posição 4 e uma dupla ligação entre as posições 1 e 2. Desenvolvido na Alemanha Oriental nos anos 1960, é conhecido por proporcionar ganhos moderados de massa muscular "seca" com propriedades anabólicas superiores às androgênicas e sem aromatização em estrogênio.
Características Principais
- Estrutura química: 4-cloro-17β-hidroxi-17α-metilandrosta-1,4-dien-3-ona
- Potencial anabólico: 53 (comparado à testosterona)
- Potencial androgênico: 6 (comparado à testosterona)
- Não aromatizável: Não converte para estrogênio
- Meia-vida: 16 horas
- Hepatotoxicidade: Moderada a alta (17α-alquilado)
- Supressão do eixo HHG: Moderada
- Detecção: 11-12 meses (metabólitos de longa duração)
- Administração: Exclusivamente oral
Histórico e Desenvolvimento
Origem
- Desenvolvido por: Jenapharm (Alemanha Oriental)
- Ano de desenvolvimento: 1961
- Primeiro uso clínico: 1965
- Descontinuação: 1994 (após reunificação alemã)
- Nome comercial original: Oral-Turinabol
Uso Histórico
- Programa estatal de doping: Utilizado extensivamente no programa estatal de doping da Alemanha Oriental (Plano Estatal 14.25)
- Atletas afetados: Aproximadamente 10.000 atletas entre 1974-1989
- Jogos Olímpicos: Fundamental para o sucesso olímpico da Alemanha Oriental
- Controvérsia: Muitos atletas receberam o composto como "vitaminas azuis" sem seu conhecimento
- Consequências: Diversos efeitos colaterais graves em atletas, especialmente mulheres
Mecanismo de Ação
Ação Primária
- Receptor androgênico: Liga-se com alta afinidade, promovendo efeitos anabólicos
- Modificação estrutural: A adição do cloro na posição 4 impede a aromatização
- Dupla ligação 1-2: Reduz significativamente os efeitos androgênicos
- SHBG: Capacidade de ligação à globulina ligadora de hormônios sexuais
- Metabolismo: Processado pelo fígado (17α-alquilado)
Efeitos Fisiológicos
- Síntese proteica: Aumento moderado mas consistente
- Retenção de nitrogênio: Melhora significativa do balanço nitrogenado
- Glicogênio muscular: Aumento dos estoques de glicogênio
- Eritropoiese: Estímulo moderado da produção de glóbulos vermelhos
- Densidade óssea: Efeito positivo na mineralização óssea
Efeitos Positivos
Composição Corporal
- Ganhos musculares: Moderados, consistentes e de qualidade
- Retenção hídrica: Mínima comparada a outros EAA
- Definição muscular: Melhora da densidade e qualidade muscular
- Força: Aumento gradual mas significativo
- Preservação muscular: Eficaz durante períodos de déficit calórico
Performance Atlética
- Resistência: Melhora da capacidade aeróbica devido ao aumento de glóbulos vermelhos
- Recuperação: Aceleração da recuperação entre treinos
- Força explosiva: Aumento moderado em exercícios de potência
- Desempenho geral: Melhora sem ganhos dramáticos de peso corporal
- Adaptação ao treino: Resposta otimizada aos estímulos de treinamento
Efeitos Colaterais
Androgênicos
- Acne: Possível, mas geralmente leve comparado a outros EAA
- Queda de cabelo: Risco em indivíduos predispostos à alopecia androgênica
- Hirsutismo: Raro em homens, significativo em mulheres
- Agressividade: Menor que outros EAA, mas possível em doses altas
- Virilização em mulheres: Significativa mesmo em doses baixas
Cardiovasculares
- Perfil lipídico: Redução do HDL e aumento do LDL
- Pressão arterial: Elevação possível, especialmente em doses altas
- Espessamento sanguíneo: Aumento do hematócrito e viscosidade
- Hipertrofia cardíaca: Possível com uso prolongado
- Risco trombótico: Aumentado devido à 17α-alquilação
Hepáticos
- Enzimas hepáticas: Elevação de AST, ALT e GGT
- Colestase: Possível em doses altas ou uso prolongado
- Peliose hepática: Risco em ciclos longos
- Tumores hepáticos: Risco aumentado com uso crônico
- Icterícia: Possível em casos de toxicidade severa
Hormonais
- Supressão do eixo HHG: Moderada a significativa
- Testosterona endógena: Redução durante o ciclo
- Fertilidade: Comprometimento temporário
- Ginecomastia: Rara devido à ausência de aromatização
- Libido: Possível redução durante e após o ciclo
Aplicações Práticas
Protocolos de Uso
Dosagem
- Homens iniciantes: 20-40mg/dia
- Homens intermediários: 40-60mg/dia
- Homens avançados: 60-80mg/dia
- Mulheres: 5-10mg/dia (alto risco de virilização)
- Duração recomendada: 6-8 semanas (máximo)
Combinações
- Bulking: Com Testosterona, Nandrolona ou Boldenona
- Cutting: Com Estanozolol, Trembolona ou Oxandrolona
- Recomposição: Com Primobolan ou Testosterona Propionato
- TPC: Não recomendado devido à detecção prolongada
- Ponte: Não recomendado devido à hepatotoxicidade
Monitoramento
- Exames pré-ciclo: Função hepática, perfil lipídico, hemograma completo
- Exames durante ciclo: Monitoramento de enzimas hepáticas após 4 semanas
- Exames pós-ciclo: Função hepática, perfil hormonal, hemograma
- Sinais de alerta: Urina escura, fezes claras, icterícia, dor abdominal
- Suporte hepático: Recomendado durante todo o ciclo
Considerações Especiais
Uso Terapêutico Histórico
- Indicações originais: Osteoporose, sarcopenia, anemia
- Populações tratadas: Homens, mulheres e crianças com condições catabólicas
- Dosagens médicas: 5-10mg/dia para homens, 1-2,5mg/dia para mulheres
- Duração dos tratamentos: Variável conforme a condição
- Eficácia clínica: Considerada boa para ganho de massa magra
Detecção em Antidoping
- Metabólitos de longa duração: Detectáveis por até 18 meses
- Método de detecção: Espectrometria de massa
- Casos notáveis: Retestes das Olimpíadas de Pequim 2008 e Londres 2012
- Controvérsias recentes: Diversos atletas testaram positivo anos após as competições
- Implicações: Não recomendado para atletas testados, mesmo ocasionalmente
Comparações com Outros EAA
Versus Dianabol
- Retenção hídrica: Muito menor que Dianabol
- Efeitos estrogênicos: Ausentes (vs. moderados no Dianabol)
- Ganhos de força: Mais lentos mas mais sustentáveis
- Ganhos de massa: Menores em volume, maior qualidade
- Efeitos colaterais: Perfil geral mais favorável
Versus Anavar
- Potência anabólica: Superior ao Anavar
- Hepatotoxicidade: Maior que Anavar
- Custo-benefício: Geralmente mais econômico
- Efeitos na força: Similares em doses equipotentes
- Preservação muscular: Similar em eficácia durante cutting
Versus Winstrol
- Conforto articular: Melhor que Winstrol
- Efeitos na densidade muscular: Similares
- Hepatotoxicidade: Ligeiramente menor
- Efeitos androgênicos: Menores que Winstrol
- Ganhos de força explosiva: Inferiores ao Winstrol
Links Relacionados
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